quinta-feira, 6 de outubro de 2011

"O REFORMADOR DO MUNDO"

Obs: Imagem extraída do site: www.cancaonova.com/


“O REFORMADOR DO MUNDO”

Américo Pisca-Pisca tinha o hábito de pôr defeito em todas as coisas. O mundo para ele estava todo errado e a natureza só fazia asneiras.

- Asneiras, Américo?
- Pois então?! Aqui mesmo, neste pomar, tens a prova disso. Aí está uma jabuticabeira enorme, sustendo frutas pequeninas, e lá adiante uma colossal abóbora, presa ao caule duma planta rasteira. Não era lógico que fosse justamente o contrário? Se as coisas tivessem de ser organizadas por mim, eu trocaria as bolas, passando as jabuticabas para a abobeira e as abóboras para a jabuticabeira. Não achas que tenho razão?
Assim discorrendo, Américo provou que tudo estava errado e que só ele era capaz de dispor com inteligência o mundo.
- Mas o melhor, concluiu, é não pensar nisto e tomar uma soneca, à sombra destas árvores, não achas?
E Pisca-Pisca, piscando-piscando que não acabava mais, estirou-se de papo acima, à sombra da jabuticabeira.
Dormiu. Dormiu e sonhou. Sonhou com o mundo novo, reformado inteirinho pelas suas mãos. Uma beleza!
De repente, no melhor da festa, plaft! Uma jabuticaba que cai e lhe esborracha o nariz!
Américo desperta de um pulo; pisca, pisca; medita sobre o caso e reconhece, afinal, que o mundo não é tão mal feito assim.
E segue para casa, refletindo:
- Que espiga!... Pois não é que, se o mundo fosse arranjado por mim, a primeira vítima teria sido eu? Eu Américo Pisca-Pisca, morto pela abóbora, por mim posta em ligar da jabuticaba? Hum !... Deixemos de reformas. Fique tudo como está, que está muito bem.
E Pisca-Pisca continuou a piscar pela vida em fora, mas desde então, perdeu a cisma de corrigir a natureza.

Monteiro Lobato (opus citatum)

ESPINHEIRA, Ariosto. Infância Brasileira para a Quarta série primária, pp. 60-61. 187. ed. S. Paulo: Companhia Editora Nacional, 1964.
Obs: Texto retirado do site:                          http://cantinhodaleitura2009.blogspot.com/

REFLEXÃO SOBRE ESTA ESTÓRIA:


Esta estória: “O REFORMADOR DO MUNDO”, do autor: Monteiro Lobato, muita engraçada por sinal, nos leva a uma profunda reflexão, quando pensamos em nossa sociedade capitalista, na qual os “donos do poder”, incorporam este personagem desta  estória: “Américo Pisca-Pisca” e em nome do “dinheiro”, da arrogância, da ganância, destroem  e abusam da natureza , só a diferença desta estória  é que as consequências nós sofremos juntos, por que  moramos na mesma casa: PLANETA TERRA. Comentando sobre esta problemática ambiental  na obra: “PENSAMENTO ECOLÓGICO: REFLEXÕES,CRÍTICAS SOBRE MEIO AMBIENTE, DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL E RESPONSABILIDADE SOCIAL”, o autor Vilmar Berna, alerta:

“As consequências dessa “corrida” por um tipo de progresso insustentável não vão acabar com o Planeta no futuro, pois isso já está ocorrendo no presente. Como exemplos, há a maciça extinção de espécies e ecossistemas, o efeito estufa, os buracos na camada de ozônio, as mortes prematuras nas cidades resultantes da poluição do ar, água, solo etc. A Terra está sendo destruída em cada um desses lugares, onde o desenvolvimento sem controle deixa desertos, muita miséria e fome” (BERNA, 2005,p. 13).

E sobre a falta de consciência e sensibilidade com as causas ambientais, Vilmar Berna, nos lembra:
“Talvez o mais difícil seja compreender que nossa espécie não é a proprietária do Planeta, por isso não pode fazer com a natureza o que quiser. Por mais especial que possa parecer, o ser humano não é mais importante que qualquer outra espécie já que, na natureza, tudo está interrelacionado. Como afirmou o Cacique Seatle, em 1855, antes de inventar o termo ecologia: “ O que fere a Terra fere também os filhos da Terra”. Não podemos usar e abusar do Planeta, sem sofrer as consequências disso” (BERNA, 2005, páginas: 80 e 81).

E se não queremos que a nossa raça humana seja extinta precisamos rever nossa relação com a natureza como aconselha Vilmar Berna: “Agora a espécie humana vive a realidade de precisar rever suas relações com a natureza, sob pena de decretar a própria extinção” (BERNA, 2005, p. 94). Este autor ainda faz a seguinte observação: “ ...o ser humano é a única espécie em condições de alterar profundamente seu  meio ambiente”( BERNA, 2005, p. 111). E quando  falamos de alterações incluímos, tanto as alterações positivas, como as negativas em relação ao meio ambiente.

Vilmar Berna também lança este desafio a todos nós moradores desta casa: O Planeta Terra:
“Se fomos capazes de interferir na natureza para piorar as coisas, também somos capazes de medidas concretas para ajudar o meio ambiente. Com toda a  certeza, o Planeta vai sobreviver sem nós, talvez um pouco mais a feio e arranhado, mas é impossível sobrevivermos sem a Terra” (BERNA, 2005, p.79).

Portanto, nós como o personagem desta estória: Américo Pisca-Pisca podemos rever nossa postura e atitude ambiental, nós enquanto sociedade civil, governantes, empresários, ONGs, podemos fazer nossa pequena parte, conscientes e sensíveis a estas causas ambientais tem tudo haver com a nossa sobrevivência, com a nossa vida.

Obs: Esta Obra: "Pensamento Ecológico: Reflexões Críticas sobre o Meio Ambiente, Desenvolvimento Sustentável e Responsabilidade Social" do autor: Vilmar Berna, teve grandes influências positivas na minha escolha de tentar fazer algo pelas questões ambientais, por isto indico como uma boa  leitura para aqueles que querem conhecer mais sobre o assunto. Como professora  de Filosofia faço a minha pequena parte e sinto um enorme prazer de acompanhar de perto e fazer parte dos Projetos Ambientais da Escola na qual trabalho o e convido você a visitar os nossos blogs de divulgação de nossas pequenas ações, o endereço deles são:

http://guadioesdanaturezariocaete.blogspot.com/
http://comvidasriocaete.blogspot.com/
http://ambientalistasriocaete.blogspot.com/

Comentários feitos por: kátia Regina Corrêa Santos.

Obs: Bibliografia utilizada para o comentário:
Obra: “Pensamento Ecológico: Reflexões críticas sobre o Meio Ambiente, desenvolvimento sustentável e responsabilidade social”, Autor: Vilmar Sidnei Demamam Berna, São Paulo: Paulinas, 2005.

Nenhum comentário:

Postar um comentário